O Setor Agro é, sem dúvida alguma, um dos motores da economia brasileira, como mostram os números de geração de emprego, renda e exportação. O mesmo brilho não vemos no setor da agricultura familiar, apesar do seu impacto no consumo alimentar no Brasil:
- A Embrapa estima que 70% da comida que consumimos em nossas casas é proveniente da agricultura familiar.
- Há uma relação direta entre agricultura familiar e a segurança alimentar e nutricional da população brasileira.
- A Agricultura Familias Impulsiona economias locais e ajuda a reter população no campo.
- Apresenta baixa produtividade por hectare, principalmente no norte/nordeste.
- O cliente/consumidor da Agricultura Familiar procura: preço e qualidade, proximidade, origem, procedência conhecida e certificada e respeito ao meio ambiente.
- IBGE 2006/2010:
- 84,4% dos estabelecimentos rurais são de base familiar e ocupam 74,4% da mão de obra que está no campo;
- Propriedades familiares compreendem apenas 24,3% de toda a área rural do país;
Temos grandes Diferenças regionais na atividade:
- Região sul: valor bruto da produção agrícola superior ao da média da agricultura familiar brasil, R$ 1.613,94/ha contra R$792,78 Brasil. Organizações coletivas fortes, maior capacitação do produtor, melhor infraestrutura de armazenagem e transporte;
- Região Norte/Nordeste: valor bruto de produção mensal por propriedade familiar é de R$ 500,00. Logística precária e cara, poucos exemplos de organização coletiva em cooperativas, grande parte dos produtores em situação de extrema pobreza e uso do bolsa família. Dificuldade de acesso à agua e energia cara. 72% dos produtores não geram lucro suficiente para sair da linha pobreza.
A experiência na implantação de projetos de geração de renda com o público da agricultura familiar revela uma longa lista de desafios, sendo os principais:
- Tamanho limitado da propriedade compromete a viabilidade financeira;
- Baixíssimo uso de Inovação social e tecnológica;
- Falta de estímulos para a mudança de mindset: mudar o status de agricultura de subsistência para o de empreendedor rural;
- Inadequado controle e gestão do processo produtivo;
- Produtos com baixo valor agregado;
- Baixo conhecimento e acesso às políticas públicas: Pronaf, Agroecologia e Sociobiodiversidade;
- Péssimas condições de acesso e logística
- Crédito caro e escasso para estabilizar receita e comprar insumos(sementes, adubos e defensivos);
- Dificuldades para implementar associações e cooperativas no norte e nordeste;
- Alta dependência de intermediários para vendas e distribuição, aumentando preço final;
- Baixa produtividade por hectare;
- Falta de estímulo ao jovem empreendedor da agricultura familiar;
Com base no potencial, no tamanho da agricultura familiar e nos desafios que ela enfrenta, vemos uma longa lista oportunidades para criação de negócios inclusivos no setor. Abaixo listamos algumas dessas oportunidades dentro da cadeia de valor.
- organização para compra de insumos (sementes, defensivos agrícolas, armazenagem, vendas coletivas, vendas online, crédito solidário, etc) .
- uso de sementes adaptadas ao solo.
- Rotação de culturas e agendamento de semeadura e colheita.
- Fertilizantes químicos x adubos orgânicos.
- Armazenagem de sementes e defensivos.
- Análise de água e do solo.
- Alternativas de irrigação.
- Controle biológico x químico.
- Ferramentas de controle e gestão da produção.
- Rastreabilidade da produção e insumos.
Planejamento e Plantio
- Otimizar, baixar custos de acesso e armazenagem de água e energia.
- Assistência Técnica capacitação básica em gestão da propriedade.
- Uso de insumos adequados, de máquinas e equipamentos apropriados.
- tecnologias sociais para gestão e técnicas de produção
- sistemas agroflorestal e produtos da sociobiodiversidade.
- Aumento de qualidade: reduzir descartes, produtos mais nutritivos, mais bonitos, mais duráveis.
- melhor controle de produção: custos menores, aumento de renda.
- Melhoria das condições de trabalho: agricultor e famílias mais seguro mais saudável e mais produtivo.
- Ventilação, temperatura e umidade e uso de viveiros e estufas de baixo custo.
- Tratamento de rejeitos, lixo e descartes da propriedade e uso racional da água; Papeis, plásticos e embalagens de insumos.
- Melhorias sanitárias e bem estar animal; manejo de defensivos e fertilizantes, uso de EPI e primeiros socorros, cuidados com a contaminação da água.
- manejo: Uso de ferramentas e equipamentos adequados.
Irrigação, aplicação de defensivos e fertilizantes, manejo, poda, limpeza e colheita
- acessar mercados contínuos e de relacionamento de longo prazo.
- organização em associações e cooperativas, redes.
- Acessos políticas públicas.
- biodiversidade como matéria-prima para bioindústrias. Exemplos: borracha, cacau, a castanha-do-brasil, açaí, etc.
- Reduzir número de intermediários na cadeia de valor.
- Acesso a novos mercados com maior valor agregado. (Orgânicos, fair trade, slow food, fair trade).
- Produtos com indicação geográfica – turismo rural.
- Gestão de contratos com atacadistas, cooperativas, associações, supermercados, varejistas, feiras etc.